Perguntas trocadas

 

Perguntas trocadas

todos te perguntam pela vida

pelo sucesso, pela vitória

pela saúde se a tens perdida

mas se és feliz, é outra história

Nesta sociedade consumista

ninguém quer saber de amor

fazem do amor a conquista

se tiver estatuto ao redor

ninguém te dá atenção

carinho ou ternura que seja

se em troca em contramão

não deres algo que se veja

tudo roda em quantidade

à volta do mesmo sermão

se Tens muito, nesta sociedade

serás herói, mesmo que sejas vilão

nesta troca de valores activos

onde o dinheiro comanda

perguntam se estais vivos

não do que o coração manda.

E ser feliz que é mais importante

ninguém te pergunta a permeio

para eles só somos boa gente

se tivermos bastante dinheiro

mas pergunto eu a todos vós

em que razão maior investis

saberdes que morrereis sós

ou antes, que vivereis feliz?

Miro Couto

31-01-2021

Fuga

 

Fuga

Eu quero ir para o monte

que a cidade me aborrece

e que não haja uma ponte

pra gente que não merece

quero cultivar a horta

mais o pão de cada dia

onde possa abrir a porta

a quem me traz alegria

quero levar também comigo

os meus amores meus irmãos

que sentem que nesse abrigo

todos daremos as mãos

la onde o sol nasce primeiro

só se ouvem passarinhos

que cantam o dia inteiro

e é onde fazem os ninhos

quero ser feliz se posso

ter alegria em meu redor

se sozinho vou ao poço

juntos faremos melhor

quero ir para a montanha

sair da cidade depressa

que na cidade não se ganha

a paz que toda a gente peça.

Miro Couto

26-01-2021

Ode a um mundo novo sem F

 Ode a um mundo novo sem F

Pelas vitimas da fome e da miséria
pelas almas amarguradas que persistem
por aqueles a quem lhes falta a matéria
dos muitos que com força resistem

Por aqueles caídos num qualquer beco
com fome, frio e sem um pequeno tecto
sem rumo, sem razão de viver mais um dia
por todos eles assumo, que sou contra a tirania

pelos jovens perdidos sem futuro
onde pais ocupados e não presentes
definhados num mundo sem ar puro
por causa de politicos reles incompetentes

chegamos ao fim sem nenhuma humanidade
sem amor, sem alegria, apenas quimera
se as mãos déssemos em solidariedade
era tão fácil criar deste mundo nova era

assim, sofreremos as vis amarguras
das sementes deixadas no passado
em que éramos más reles criaturas
que só aprendem passando mau bocado

Chegou o tempo da selecção humana
daqueles que cá ficam e dos que se vão
e ninguém que tenha mente insana
poderá servir a um mundo em comunhão

curai as mazelas que convosco portais
fechai as feridas que tanto sangraram
dai as mãos aos outros que não amais
e por amor as cicatrizes tatuaram.

Miro Couto
17-01-2021

 

 

Rosa Vermelha

Rosa vermelha

Fui apanhar uma rosa

no jardim da tua aurora

e fui por ali fora

a sentir o cheiro em prosa

Era uma rosa vermelha

da cor do meu coração

tirei espinhos com a mão

coloquei em jarra velha

entraste e perguntei

se gostavas dessa rosa

era vermelha eu sei

coraste de tão mimosa

o perfume que levavas

dessa rosa que te dei

tinha um aroma que fiquei

siderado quando passavas

e nos meus olhos notavas

a fragancia de tão bela

que te segui da janela

para ver como ficavas

e ficavas sempre tão bela

como a rosa que levavas.

Miro Couto

16-01-2021

Entre o que dizes e o que és

 Entre o que dizes e o que és

Pouco me importa o que falas
se aquilo que fazes não é certo
entre as palavras que calas
assim não ages, nem de perto

pouco importa a tua moral
que pregas nos teus entes
se o que fazes é por sinal
contrário ao que lhes mentes

que me importa a opinião
de alguém que não assume
que o que diz com uma mão
não coloca a outra no lume

assim somos enganados
por essas perversas mentes
que persistem colocados
em mentirosos influentes

mas como Goebbels afirma
de perfeita consciência
uma mentira dita em rima
mil vezes rimada é essência

torna-se verdade amarga
para aquele que a profere
um dia virá a conta e a paga
da mentira estúpida que nos fere.

Abre os olhos companheiro
e não dês alarde à mentira
nunca troques o verdadeiro
das acções, ao que alguém refira.

como dizia o António Aleixo
meu poeta de eleição
olha aquilo que alguém faz
não olhes ao que diz em vão.

Miro Couto

06-01-2021