Não são palavras
03 maio, 2024
Não são palavras
Cravo vermelho
Cravo vermelho
Não era só um cravo
na ponta da espingarda
eram os sonhos de novo
por tanta gente almejada
Era o vermelho refletido
dos que caíram no chão
cobertos do sangue perdido
de quem possuía a razão
era o chicote domado
que torturava a nação
o jornal amordaçado
de quem tinha opinião
Eram o sonhos utópicos
duma sociedade mais nobre
era carregar os tópicos
de poder dar voz ao pobre
Eram os sonhos perdidos
de todos os que morreram
sendo mesmo ofendidos
jamais a dignidade perderam
Miro Couto
25-04-2024
Dos cravos aos cravas
Dos cravos aos cravas
Tantas lutas nós travamos
Para haver paz, educação, saúde e pão
Tanta porrada levamos
por fazer contestação
tanto martírio sofremos
das bocas amordaçadas
Tantas vezes combatemos
levando tantas chicotadas
quantas vozes se ergueram
e que foram perseguidas
dentro de grades sofreram
as mais duras investidas
Por animais de forma humana
que torturaram sem piedade
Homens mulheres e jovens
Até de alguma tenra idade
Só porque queriam ver
Um Portugal a sorrir
Um País a prometer
ao povo um melhor porvir
E passados 50 anos
dessa grande revolução
de esperança nos ramos
dos cravos na nossa mão
Vivemos dias escuros
Voltamos à servidão
que faz moer os mais puros
os que ainda tem coração
e desse abril já distante
Que nos ofereceu felicidade
transformou-se num instante
num país sem piedade
Mas outra revolução virá
Com as armas nos alforges
que jamais permitirá
Dar poder aos nossos algozes
Miro Couto
25-04-2024