26 julho, 2015

Hoje Bebia-te

hoje bebia-te
num trago sôfrego e longo
onde as gotículas escorrem
imiscuidas no prazer gostativo
entre o palato e o coração
numa felicidade efémura
mas de inquietante desejo

hoje bebia-te,
e, de forma inusitada
esquecia-me do mundo
e das dores parideiras
que as cretinices do poder
chagam em largas feridas
cobrindo o corpo em lamurias

Hoje bebia-te, em tragos largos
de paixão irreflectida
que nos desamarra os conceitos
que nos agrilhoam na urbanidade mesquinha

Hoje bebia-te, em caneca gelada
a borbulhar pensamentos escorreitos
desta vida insana peculiar
mas nunca menos de meio litro
de fermentada cerveja pra consolar
como se viciado fora, do etilico aroma.


Miro Couto 26-07-2015 cheio de sede