31 maio, 2021

Descrédito

 

Descrédito
 
Já não sei em que hei-de crer
uns falam que fazem demais
eu nada os vi ainda fazer
a não ser falar nos jornais.
 
Os que vejo a fazer obras
com filantrópicas promessas
enchem-se e são como cobras
ficam com um terço, das remessas
 
Já nem sei o que faz falta
se é cantar e animar a malta
ou se a cantiga é uma arma
dos ladrões ao povo, ninguém reclama
 
Se fizesse como a Avestruz
fingia que não sabia de nada
mantinha a ausência desta cruz
se mantivesse a boca calada
 
Mas não, não sei nem consigo
assistir a esta podridão corrupta
que fazem convosco e comigo
roubam sáveis, roubam truta
(Era mais ladrões FDP)
 
em tribunais perdoados
riem de nós todo o dia
se não forem atacados
com acções de cidadania
 
Eu não me contento assim
neste desleixo, frio, apático
e só me permito assim
ser lutador pragmático
 
E a estes reles senhores
de batina e cruz ao alto
ou de aventais de bolores
que nos criam sobressalto
 
um dia, terão com eles
o retorno das acções
pois são as suas atitudes reles
que produzem revoluções.
 
Miro Couto
31-05-2021

15 maio, 2021

Anónimo

 Anónimo

Morreu hoje o sr. Anónimo
sem pompa, sem circunstância
ele que lutou toda a vida, cheio de animo
desde a sua mais tenra infância

Não tirava selfies do que fazia
nem apregoava aos ventos
tudo o que ele trazia
eram apenas lamentos

levava amor, ao mais triste
portava carinho aos animais
andava de dedo em riste
contra os absurdos morais

não julgava os desvalidos
nem alimentava senhores
sempre levantou caídos
sempre atacou maus doutores

dava milho aos pombos
como se saciasse uma multidão
da fome, a quem anda aos tombos
ajudava como se fosse irmão

o sr Anónimo morreu
sem pompa nem circunstância
Sei que podia ser eu
que tenho a mesma importância

Miro Couto
15-05-2021




04 maio, 2021

Vida

 A vida, é o tempo que nos é concedido para evoluirmos. A ignorância é a força que nos impede de o fazer.