29 dezembro, 2018

Amizade

Amizade

Se por palavras te dei importância
não foi por fragilidade ou carência
foi por pensar que serias meu par
e poder o que me agonia desabafar


Se achaste que eras superior ou maior
enganaste-te nas palavras que usei
na forma, do conteúdo, do pendor
no amor com que sempre me doei


Confundes amizade com fragilidade
e não entendes o amor do desabafo
sentes que és melhor, e mais tarde
ganhas a humildade no meu regaço


Não te quero acima nem no chão
nem à frente ou por detrás de mim
quero-te sempre no principio e no fim
ao meu lado, junto do coração


E se me aceitas igual e fraterno
és meu amigo, irmão e companheiro
comigo seguirás no futuro eterno
e isso ninguém compra com dinheiro


A minha simples amizade doei
Mesmo àqueles que perdidos
muitas vezes sofrendo paguei
por refutar os meus sentidos


Dependendo do que pretendes
doarei a minha amizade sincera
se assim como digo não entendes
não fiques por mim à espera.


Feliz 2019

29-12-2018
Miro Couto


06 dezembro, 2018

O MEDO

É o medo que te faz ameaçar
é o medo que te faz fugir
é o medo que te faz calar
é o medo que te faz consentir

É o medo que te faz mentir
é o medo que te faz rugir
é o medo que te faz maltratar
é o medo que tens de não conseguir

O medo faz de ti um covarde
O medo faz de ti canalha
o medo faz de ti um alarde
o medo fará de ti mortalha

O medo de não ter
o medo de não ser
O medo de não fazer
O medo de não poder

Mandar o medo ter medo
porque eu medo não tenho
é esse o meu segredo
da postura que mantenho

e sem medo de morrer
o medo de mim tem medo
ponho o medo a correr
quando lhe aponto meu dedo

e sem medo e sem receio
do que possa acontecer
mostro-lhe o dedo do meio
e faço o medo desaparecer.

A vida é uma escola preciosa
quem sem medo enfrentei
ao medo eu dei uma rosa
e a merda o mandei.

Miro Couto
10-10-2018

Inverno Frio

Inverno Frio

Qual vento frio que me gela a alma inerte
pelas palavras desprovidas de calor
gretam as veias que maculadas de não ter-te
em sentimentos que gritam silvos em redor


podem palavras serem facas afiadas
com que seus gumes separam sem pudor
os corpos etéreos das almas perfumadas
que há muito se perderam por amor


chovem a lágrima há muito por nós deixada
que do vazio escorreita azedume
numa paixão que foi tão dada e delicada
com marcas de ferro quente feito lume


o que perdemos pela estrada que escolhemos
tão sofrida sem prazer, sem alegria
em que destino talvez nos encontremos
para recordar toda a emoção que de nós saía


e podem versos em poemas deslumbrantes
cantar as almas perdidas no seu encanto
que apesar do amor que foi de instantes
reter eternos sentimentos que eu canto.


Miro Couto
06-12-2018