26 abril, 2021

Peniche, Museu da ditadura

 Peniche, Museu da ditadura

Dois anos passaram
no museu da liberdade
presos que lá gritaram
sem temer a atrocidade

Foram anos de escuridão
de fome miséria terror
os que lutavam pelo pão
eram massacrados pela dor

Alguns por lá ficaram
sem ceder à dignidade
e torturados que foram
morreram pela liberdade

Alguns cá fora resistiam
mordiam o negro regime
lutavam e conseguiam
denunciar tanto crime

Hoje, tentam esquecer
a dor que muitos sofreram
desses que estão no poder
da dignidade esqueceram

e por mais que se mascarem
de democratas e pró povo
num dia em que não contarem
Se fará um Abril Novo

25-04-2021




17 abril, 2021

Existência

 Existência

Ainda agora aqui cheguei
despido de tudo, sem nada
abri os olhos e muito berrei
sem perceber porque berrava

Fecho os olhos por momentos
décadas em minutos se passam
uma vida cheia de tormentos
e lições que nos extravasam

olho para trás no ensejo
de entender esta vida
das lições em que me vejo
nesta escola tão dorida

O tempo correu veloz
e feito raio refulgente
mostra a verdade atroz
e nosso corpo o sente

como conviver comigo
jovem, alegre e irreverente
num corpo que por castigo
teima enfraquecer lentamente

Quanta força no espirito contida
nesta força de viver o universo
num corpo que sofre investida
desse tanto tempo, perverso

Resta saber que um dia
ca voltamos a brindar
numa enorme euforia
até a vida acabar

aproveitemos porém
horas e minutos contados
para tentar fazer bem
e nos sentirmos amados.

17-04-2021
Miro Couto

08 abril, 2021

Já não sei mais

 Já não sei mais

Não sei como vos dizer
que no mundo não tem volta
por mais que o tente fazer
com meu grito de revolta

não tenho forma nem meios
para demonstrar o que sinto
de avisar que os meus receios
são reais, e eu não minto

parecem segredos nossos
dos “loucos” da sociedade
que sofrem até aos ossos
este mundo de maldade

medos e receios não temos
sabemos que tudo é certo
lutamos contra os demos
que nos dão algum aperto

e que pena vamos sentir
desta humanidade perdida
que só pensa em adquirir
deixando a alma esquecida

sem perdão e sem amor
sem doar o coração
choramos por ver que a dor
não vos terá compaixão

os que dão as mãos e abraços
com calor, amor e fraternidade
tentam com exaustão, cansaços
puxar-vos à verdadeira claridade.

quem aproveita será feliz
e levará ao seu semelhante
essa flor bem presa à raiz
que florescerá mais adiante.

Miro Couto
08-04-2021

02 abril, 2021

O Tigre

 

O Tigre...

É esta paz em segurança que ansiamos
nós tão imperfeitos seres mortais
que podemos aprender como amamos
assim como nos ensinam os animais

A leveza que fazem sentir a nossa energia
no descanso esvaziado de temores
confiando plenamente como magia
desligando todos os interruptores

quão bela seria a vida em confiança
naqueles que partilham esta vida
dormir recatados com esperança
que haja amor e ternura fluída.

quantos de nós provamos esse nirvana
firmado em extase de paz sensorial
na companhia de alguma alma humana
sem receio de que nos possa fazer mal?

Miro Couto
02-04-2021