28 junho, 2018

És o meu fado

És o meu fado

Peguei no teu sorriso
meti no bolso e levei
e quando dele preciso
pego nesse teu sorriso
do bolso onde guardei
e quando dele preciso
pego nesse teu sorriso
do bolso onde guardei

há dias em que me embalo
cantando a nossa canção
mas a dor do intervalo
pede para cantar e calo
e rezo-te uma oração
mas a dor do intervalo
pede para cantar e calo
e rezo-te uma oração

Se te vejo a caminhar
nesse teu passo ligeiro
dou por mim a perguntar
como não se pode amar
o teu sorriso primeiro
dou por mim a perguntar
como não se pode amar
o teu sorriso primeiro

mal chega a noite suspiro
por te abraçar por inteiro
dos beijos que em ti respiro
e dos sorrisos que te tiro
são laços de corpo inteiro
dos beijos que em ti respiro
e dos sorrisos que te tiro
são laços de corpo inteiro

quando chega a madrugada
deitado ao teu lado e feliz
fica em mim sempre guardada
a tua alma em mim colada
nessa tua cara feliz
fica em mim sempre guardada
a tua alma em mim colada
nessa tua cara feliz

Se um dia perderes o sorriso
leva a chave do meu peito
e a lembrança que preciso
é saber que concretizo
e o que te fiz, fiz bem feito.
e a lembrança que preciso
é saber que concretizo
e o que te fiz, fiz bem feito.

Um dia talvez grave isto com guitarras e violas.
Miro Couto
28-06-2018

Luz Casal - Piensa En Mi

22 junho, 2018

Se eu morresse hoje

Se eu morresse hoje

Se eu morresse hoje, diria:
que tudo fiz para encontrar este mundo melhor quando voltar
Que ajudei aqueles que podia, mesmo quando a alma estava a rebentar
Nada me pesa na caminhada feita durantes estas décadas que vi passar
Os outros que perderam os seus sonhos, como eu, não deixei de acalentar
Ao desesperado grito dos desamados e combalidos sempre quis eu levantar
Aos que á minha frente iriam ser humilhados, eu não permiti humilhar
Aos viciados perdidos, tentei sempre encaminhar
Aos dementes enraivecidos, confrontei e tentei acalmar
Aos que se faziam vencedores dos  fracos, mostrei-lhes outro patamar
Aos ricos empedernidos, com egos indefenidos, mostrei-lhes o meu olhar
Aos pobres mais esquecidos eu gritei e fiz lembrar
dos muitos que são convencidos, consegui fazer chorar
Aos que choravam de dor, eu consegui alegrar
e a mim, enumeras vezes, do chão me fiz levantar
com as ajudas invisíveis, que me estão a ralhar
quando digo que já chega, do remédio que estou a tomar
que me deem outras tarefas, outras batalhas onde possa sustentar
a alegria contida, o humor amarrotado, e felicidade se amar.

Se eu morresse hoje, nada teria a lamentar.

Miro Couto

22-06-2018

21 junho, 2018

Uma história doce

Uma história doce

Do sorriso lindo dos teus olhos guardo imagem
quando no meu ombro a alma descansavas
em paz e sem guardas comigo estavas
pronta para comigo fazer longa viagem

A felicidade nas trocas de afectos sentidos
raiava a luz imensa que nem o sol consegue
eliminava a razão dos ânimos vencidos
gerava sonhos que todo o homem persegue

Eras flor, com asas livres e frescos aromas
eras rainha da razão que me vertia
era tábua de salvação da noite fria
que me roubava a dignidade nas suas brumas

foi efémero esse deleite abençoado
que me conquistou pela doçura de amor
que preocupado com o meu estado
auspiciava união de muito valor

Enquanto durou foi eterno foi, além
foi doce, paz, alento que desconhecia
pois nunca partilhei com mais ninguém
sentimentos que saíram de magia.

Hoje lembro os lábios doces de meiguice
as ternuras e carinhos abençoados
nos momentos curtos em que nada se disse
porque muito falávamos bem calados.

Um dia, ou noutra vida saberei
que verdade se impôs e a razão
que esfumou todo o amor que dei
mas quem ama, não necessita de perdão

Miro Couto
21-06-2018