30 janeiro, 2019

Perto do fim

Perto do fim

O Mundo está tão pesado
que me sinto sufocado
por ver tanta ignomia

tanta miséria à vista
a hipocrisia conquista
p'ra manter a mordomia

o mundo estupidificado
corrompido manietado
por canalhas sanguinários

deixa o futuro de lado
perdido no ódio rasgado
feito por seres mercenários

O Mundo está doente
ferido de forma permanente
nas entranhas, no seu âmago

e se não dermos as mãos
ateus, muçulmanos, cristãos
criando amor com desapego

Nada em breve restará
nem o Papa ou o Imã
nem soldado ou capitão

nem ministro ou general
nem rico ou pobre afinal
nem paz nem religião

nem felicidade ou pão
nem verdade ou a razão
restará apenas dor

a única possível salvação
é abraçar a população
em enormes laços de amor.

Miro Couto
30-01-2019

26 janeiro, 2019

Namorados

Namorados

Com fervente ingenuidade
num arrulhar de pombinhos
prendem as mãos em lacinhos
e fazem juras de fidelidade

aos pares e cheios de vida
trocam olhares e sentidos
com borboletas na barriga
dizem ter joelhos tremidos

os toques e beijos emotivos
sempre com olhares cruzados
amam com fulgor e ficam cativos
assim são todos os jovens namorados

fazem promessas de amores
com sonhos de cor de rosa
em paletas de multiplas cores
que singeleza mais airosa

que eterno fosse assim
esse amor que dedicaram
e que se lembrem no fim
que só vale a pena o que amaram.

Miro Couto
26-01-2019

20 janeiro, 2019

Sem verbo

Sem verbo

Há quem fale de Amor,
Há que dele se alimente
Há por aí muita gente
quem não lhe dá algum Valor


Não quero amar, possuindo
não quero amar julgando
quero amar libertando
e fazer da vida um sonho lindo


Quero ver nos olhos dos que amo
felicidade, em alegria contagiante
e que nesse mesmo instante
a seu lado, saibam ser ramo
dessa àrvore bela e radiante
que dela fizerem parte, ser gomo.


Quero assistir ao sol raiar bem alto
e sentir que sem sobressalto
vejo felizes os que bem quero
só isso calará meu desespero


Eu quero amar incondicionalmente
não nesta vida, tão curta, tão efémera
quero a eternidade nas mãos do amor
que teimará a encontrar num imenso calor.


Miro Couto
20-01-2019


07 janeiro, 2019

Desamor

DESAMOR

Porque choras distante
para dentro, num sufoco
porque bates com um soco
no pensamento constante

Será sempre dolorido amar
quando a sociedade critica
sem amor, sem avaliar
o sentimento de amor que fica

Mas que sabem eles de amor?
quantos é que o perceberam
se nasceram e até morreram
conhecendo apenas dor

quantos podem ser felizes
por serem eles, sem barreiras
serem plenos, e cheios de cicatrizes
sabem amar as companheiras

Não se vergam à sociedade
Fútil, cruel, animalizada
que para amar tens de ter idade
senão passas a canalhada.

Que raio de sociedade é esta
quem mutila o amor que persegue
que tudo critica e impede
que faz de quem ama uma besta

Podes ceder, e aceitar o que dizem
calando o sentimento mais forte
ou podes defender até à tua morte
o amor de quem te quer bem.

A escolha é sempre tua
nesta vida tão fugaz
e que cada dia que ficou atrás
perdeu-se, porque o tempo não recua.

Ama hoje, ama querida,
ama-te a ti em primeiro
ama o que desejas da vida
ama-te sempre por inteiro.

Miro Couto
07-01-2019



04 janeiro, 2019

Um copo de tinto

Um copo de tinto

Ai como eu gostaria de partilhar este copo de tinto que acabei de beber.
De poder olvidar esta sociedade podre de miséria e de conceitos
como era bom poder manter a imagem de paz, e saber
e ocultar a triste realidade de que não somos perfeitos

Como seria bom, que apenas um copo de vinho tragado
nos traria a felicidade de que não queremos abandonar
mas esse efémero tempo em que te tornas ousado
é curto, é cruel, e força a necessidade de te embriagar

Ai como são esses momentos lúdicos de amor impensáveis
nos intervalos da guerra que travamos por causa dos egoístas
em vez de permanentemente estarmos sóbrios e amáveis
sem ser pelo álcool essas tão simples e banais conquistas

Quem me dera que a euforia que os néctares promovem
de amor e ousadia contagiante, doce, amável fraterna
fossem laivos de essência que todos os dias renovem
e permitissem que todos nós tivéssemos a felicidade eterna.

Sem tabus, receios infundados ou conotações perversas
desta sociedade estúpida, cruel, maquiavélica e funesta
e poderíamos dar as mãos universalmente em festa
sem que os espinhos nos impedissem de cheirar as rosas.

Bebi por ti, por mim e por eles, que não aprenderam a amar
bebi porque me sabe a anastésico deste mundo rudimentar
e que bem me soube esquecer toda a maldade, toda a guerra
e sonhar por momentos que podemos ser felizes na Terra.

Miro Couto
04-01-2019