Ontem, como hoje
Não éramos muitos, mas éramos enormes
carregava-mos em nós o peso da liberdade
que nos roubava o ditador e seus informes
chacais que ainda persistem na sociedade
não éramos muitos, mas possuímos a força da razão
essa titânica energia de superar os açoites de chicote
dos cacetetes que brandiam os vassalos do patrão
uns vestidos á civil, outros de farda com garrote
não éramos muitos, os que tinham a voz do grito
que sofríamos pelo pobre povo muito aflito
sem pão, e com a dignidade que foi roubada
que a legião, a PIDE, e as policias nos davam cacetada
Não éramos muitos, mas vencemos a tirania passada
e esses poucos que resistem, e largam sementes
são a resistência de hoje, vertical, que querem calada
para os novos ditadores controlarem os dementes
não somos muitos, hoje como ontem, como amanhã
mas seremos sempre a voz que berra pelo direito
pela dignidade, e pela liberdade que carrego no peito
sem que possam amordaçar ou vergar, o irmão, a irmã.
Não somos muitos, mas somos suficientes na denuncia
destes paspalhos do poder feitos vassalos de astúcia
que roubam a dignidade, a humanidade, a alegria de viver
que se enchem e enchem os egos, forçando o povo a sofrer
28-04-2022