Sonhos
Levaste para a forja um sonho
com a tesoura o levaste ao fogo
já em brasa o maltrataste logo
deixando a forma de antanho
mais e mais uma vez triturado
e de volta a renascer do nada
ganha formas vindas de fada
até chegar ao ponto esperado
quantas voltas deu no braseiro
quantas pancadas recebeu na bigorna
quanta força dada por inteiro
até que o sonho ganhe boa forma
até ganhar boa moldagem
quantas pancadas levou
quanto esforço foi a viagem
daquele que por amor o sonhou
quantas batidas de parto
foram feridas sangrentas
para conseguir o formato
da forma que apresentas
quantas vezes deformado
para ser belo e seguro
quantas vezes foi soldado
para ser general no futuro
assim são os meus sonhos
triturados por moinhos
que depois em pedacinhos
em puzzle de novo juntamos
E de derrota em derrota
de desilusão em cada tombo
onde a fé de cada nota
dá ao sonho o seu assombro
e se sonhar nos alenta
a pensar um mundo novo
saibam que o sonho atenta
que desgasta que rebenta
do mais velho ao mais novo
Mas sem sonhos nada somos
e de vegetar não saímos
que na vida de sonhos pomos
e a felicidade construímos
28-10-2021
Miro Couto