07 outubro, 2021

Um Terror, um assassino

 Um terror, um assassino.


Só sei que matei, matei, matei

se foram trinta ou quarenta não sei

sei que me coloquei em guarda

e de arma pronta e armada


em silencio e na espera fiquei

ate que num acto de perversão

não me detive e coloquei

toda a mestria de matar em acção


Quantas voltas tive de dar

com a arma armada na mão

e sem parar de disparar

matei mais uma grande porção


quem me visse no preparo

de matar com todo o vigor

e nao fizesse bom reparo

ia chamar-me grande estupor


mas a quem atento estava

nesta matança ordeira

sabia que por fim acabava

toda esta brincadeira


e cansado já da minha mão

de tanto esforço a matar

decidi dar-me um perdão

e sentei-me a descansar


resolvi então escrever

Duas notas sobre o assunto

matei, mas não fiz sofrer

embora matasse muito


tenho pena de quem morre

pois não se deve matar

mas por mais que fosse nobre

não me quiseram escutar


Pedi-lhes, ide embora

deixai-me a mim sempre em paz

não me quero ver à nora

eu que me acho bom rapaz


mas não, não me ouviram

e continuaram a atacar

e assim só preferiram

que pudesse eu matar


estas já não me atacam mais

morreram e são defuntas

serão alimento a pardais

que ficaram todas juntas


e por mim do meu relato

que já vos pôs a pensar

eram só moscas que mato

e nem isso queria matar.


Miro Couto

07-10-2021

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