Mundo em fim de tempo
Esta cansaço que nos limita
Esta agonia que parece infinita
Esta dor pesada que nos irrita
Esta humanidade onde o amor não habita
este fustigado sentido da desgraça
que nos oprime, que rasga a carapaça
esta dormência colectiva que não passa
este sentimento de sermos apenas caça
este rio de dores que não desagua
esta morte lenta de quem pactua
esta podridão colectiva que não mingua
esta desilusão de quem não actua
Desgasta, corrompe, esmaga, destrói
e um dia tudo aquilo que nos dói
servirá de alento à revolta que se constrói
como misseis que à nossa porta rebentam
e depois todos dirão que lamentam
enquanto outros, parados contemplam.
Miro Couto
12-02-2023
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