12 fevereiro, 2023

Mundo em fim de tempo

Mundo em fim de tempo


Esta cansaço que nos limita

Esta agonia que parece infinita

Esta dor  pesada que nos irrita

Esta humanidade onde o amor não habita


este fustigado sentido da desgraça

que nos oprime, que rasga a carapaça

esta dormência colectiva que não passa

este sentimento de sermos apenas caça


este rio de dores que não desagua

esta morte lenta de quem pactua

esta podridão colectiva que não mingua

esta desilusão de quem não actua


Desgasta, corrompe, esmaga, destrói

e um dia tudo aquilo que nos dói

servirá de alento à revolta que se constrói


como misseis que à nossa porta rebentam

e depois todos dirão que lamentam

enquanto outros, parados contemplam.


Miro Couto

12-02-2023

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