06 julho, 2018

O errado devo ser eu

O errado devo ser eu.

O errado devo ser eu
torturam-se em arena animais
e a aprovação que se deu
faz-me sentir que estou a mais


A miséria instala-se com a indignidade
a dor nas famílias cheias de precariedade
o inverno que passaram frio que a EDP nos deu
vejo todos calados, e quem berra sou eu


Vejo a corrupção activa que nos destrói
vejo os hospitais num caos que nos dói
vejo banqueiros a roubarem os bancos
vejo assaltos a armas como em tancos


da justiça não se pode reclamar, dá prisão
que os juízes são quem manda na nação
e não nos permitem defender a nossa razão
prendem as pessoas por delito de opinião


dos governos sucessivos que espoliam o orçamento
vejo poucos a protestar contra, em descontentamento
e a maioria cala, consente sem reclamar, está no céu
e de certezinha absoluta que o errado só posso ser eu


e dizem as vozes supostamente contentes
que desligam de quem sempre reclama
que somos uns coitados permanentes
e quem protesta, quem berra, não ama


eu devo por fim dizer-vos que estou errado
quando defendo com clamor desesperado
uma vida de dignidade para todos nós
com verdade, justiça, saúde e pão
com humanidade que a constituição prometeu
mas já não tenho dúvidas, que quem está errado, sou eu


Miro Couto (a curtir o mau feitio com que nasceu)
06/07/2018

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