A vida corre

 A vida corre

Passas tão rápido, tempo

ontem morreu um de quarenta

eu que já por lá passei

medito no quanto ficou o sofrimento

de não aprender a vida que se lamenta

e que eu nesta escola estudei

Quantos mais pelo caminho ficaram

e que a vida em novos terminaram

como missão em tempo marcado

passando para a vida do outro lado

Nada se perde, tudo se transforma

seja homem, mulher ou alquimia

seja a fruta que a alguns sacia

ou a boa moral que em alguns se forma

e dizemos, era tão jovem, uma criança

sem sabermos quantas vezes existiu

podia ser muito velho com esperança

de ser melhor a cada vez que partiu

fica a ponderação para a vida

de tudo o que nela exalamos

do perfume que do amor damos

é essência na alma sentida

Miro Couto

27-12-2022

Poesia

 A poesia pinta por palavras o retrato da alma.

Miro Couto

Que mundo este

 Que mundo este

Que mais terei eu de fazer

neste tempo de brumas agreste

para a humanidade poder viver

sem a miséria que o caminho lhe veste

que mais posso ao mundo eu gritar 

da fome que impera os nossos dias

onde alguns só pensam acumular

tomando os bolsos que esvasias

quanto tempo mais é necessário

para que o mundo seja humano

e das mãos em gesto solidário

dominarmos este poder insano

Para quando teremos decisão 

de viver em paz e amor ao mundo

de rejeitar a guerra que nos dão

e enterrar as armas bem fundo

para quando vivermos em harmonia

com fraternidade e amor total

espero ansioso por esse dia 

e dar esse abraço ao mundo fraternal.

Miro Couto

25-11-2022

Aprende

 Aprende

Era tão fácil chamar-te vida

se as dores que carregas 

e que os joelhos não suportam

fossem férias num lugar ao sol

em vez da amargura carregada

pelas dificuldades que assumes

Seria bom, se essa freima dura

que espreita a tua fragilidade

não se parasitasse sem ternura

sugando demais a tua vitalidade

Seria tão bom poder ser momento

ser afago sem dor com sentimento

colher nos braços a paz que nos foge

e amar no regaço de quem nos acolhe

Um dia, quando as dores forem memória

recordarás o tempo que pensaste perder

e afinal foi ele, assim frio, com história

que pariu inusitado um enorme ser

Miro Couto

02-11-2022

Eu quero a mota (para o Joaquim)

 Eu quero a mota (para o Joaquim)

Eu quero a mota, por favor

eu quero a mota

porque quero ir a correr

comer o pão com compota

(BIS)

E com a mota a trabalhar

posso correr bem veloz

para poder ir lanchar

o pão que a mae fez

e em seguida

beber um leite morninho

a fome fica perdida

e depois me dá soninho

Eu quero a mota, por favor

eu quero a mota

porque quero ir a correr

comer o pão com compota

(BIS)

Bola de sabão

 Bola de sabão (para a Carolina e Joaquim) (cantiga)

eu quero cantar p'ra ti

uma cantiga feita bola de sabão

eu vou cantar para ti

contanto as linhas da palma da tua mão

e como voa a bolinha,

melhor voa a carochinha

com alegria e a cantarolar

ela é tua e é minha

e a coitada da vizinha

está sempre a desafinar

eu quero cantar p'ra ti

uma cantiga feita bola de sabão

eu vou cantar para ti

contanto as linhas da palma da tua mão

e no alto da montanha

a sorrir de forma estranha

está uma bola a iluminar

parece uma bola de ouro

que guarda um grande tesouro

e o segredo dela é solar

eu quero cantar p'ra ti

uma cantiga feita bola de sabão

eu vou cantar para ti

contanto as linhas da palma da tua mão

Miro Couto

19-10-2022

Até um dia

 Até um dia

Enquanto estamos  num corpo prisioneiros 

que não reconhecemos em alguns espelhos 

sentimos que a alma grita a falta de liberdade 

pelo vigor de outrora que nos dá saudade

Somos passageiros no tempo infinito

num planeta que vive muito aflito

pelos horrores que a humanidade faz

e esperamos pelo dia que se fará paz

Não somo mais que nada, mais que ninguém

apenas viajamos pelo tempo a aprender

e com a certeza que um dia mais aquém

esta nossa vida havemos de entender

e neste sufoco, neste corpo assim preso

mantemos a vontade de lume aceso

de melhor fazer até um dia se partir

com fé que o amanhã traga um melhor porvir

Miro Couto

7-09-2022

Viver adiado

 Viver adiado

Há preso em mim um animal alado
que quer voar vencendo a tirania
e quer correr para todo o lado
levando amor como uma ventania

Não é Pégaso, que voa livre
nem um Centauro arqueiro
Um urso que protege, um tigre
ou um lobo num cão rafeiro

Um leão perdido num deserto
um camelo entretido na savana
uma águia que alto voa e vê perto
quando sai do buraco a ratazana

E assim preso em mim feito enchido
sem poder dar graça ao meu poder
fico a espera do dia por mim pedido
de por cá fora essa força e muito fazer

Até lá, neste pranto, nesta apatia
mexo os dedos da esperança cruel
que me alimenta vivo dia após dia
em que o tempo se grava na pele

Miro Couto

18-08-2022

Pequena mão

Pequena é a mão que abrange a alma
que de singela, frágil e emotiva
num laço eterno de saudade e calma
nos prende de suspiros decidida

Não há mal que sempre dure

 Não há mal que sempre dure

Consegui transformar a tua dor em alegria

aquilo que te pesava outrora em demasia

hoje é fruto dos dias amargos que passaram

hoje, viva, feliz e com sonhos felizes

encerras a vida que outrora era cheia de matizes

fruto de tormentas impulsionadas por fortes escolhas

que caminhos duros penaram na juventude onde moras

mas que deixam fulgor de tranquilidade futuros

por mais que pela vida os caminhos fossem duros

regozijo poder ver a conquista que por direito é tua

e ver que os momentos em que tinhas a alma crua

se dissiparam com os ventos de uma nova aurora

a alegria que carregas, acabou com a que outrora chora

e dos momentos pesados, tristes, amargurados

saiu um presente feliz, fértil como recompensa

que na vida tudo muda, e até os piores fados

se tornam transformados em felicidade imensa

Miro Couto

Assim

 A poesia, são pinceladas de letras no retrato da alma.

Miro Couto

Apresentação do Livro de poemas Retalhos da alma

 

Sem limite

 Sem limite

Quando de verdade te conheci

vesti a alma de colorido jardim

transfigurei a pessoa que vi

na personagem que saiu de mim

E sem as rédeas nem tabus impostos

deixei que fosse assaltado de emoções

prendi e rendilhei com os meus gostos

e gravei em anel de prata dois corações

rasguei o segredo que me prendia

e dei largas a sonhos imaculados

pensando que o tempo chegaria

e para sempre serem amados

e a personagem que criei resiste

como o modelo de virtude e amor

e por mais que me pensem triste

estou alegre, pois provei o melhor.

Miro Couto

04-06-2022

Ontem, como hoje

 Ontem, como hoje

Não éramos muitos, mas éramos enormes

carregava-mos em nós o peso da liberdade

que nos roubava o ditador e seus informes

chacais que ainda persistem na sociedade

não éramos muitos, mas possuímos a força da razão

essa titânica energia de superar os açoites de chicote

dos cacetetes que brandiam os vassalos do patrão

uns vestidos á civil, outros de farda com garrote

não éramos muitos, os que tinham a voz do grito

que sofríamos pelo pobre povo muito aflito

sem pão, e com a dignidade que foi roubada

que a legião, a PIDE, e as policias nos davam cacetada

Não éramos muitos, mas vencemos a tirania passada

e esses poucos que resistem, e largam sementes

são a resistência de hoje, vertical, que querem calada

para os novos ditadores controlarem os dementes

não somos muitos, hoje como ontem, como amanhã

mas seremos sempre a voz que berra pelo direito

pela dignidade, e pela liberdade que carrego no peito

sem que possam amordaçar ou vergar, o irmão, a irmã.

Não somos muitos, mas somos suficientes na denuncia

destes paspalhos do poder feitos vassalos de astúcia

que roubam a dignidade, a humanidade, a alegria de viver

que se enchem e enchem os egos, forçando o povo a sofrer

Miro Couto

28-04-2022

Eterno

 Eterno

A vida é um simples instante

que levamos por diante

carregados de torpor

não ha mágica feliz

que possa mover a raíz

o que nos move é a dor

e nesse instante divino

como uma monte transalpino

revestido de brancura

apendemos a amar

como o sal fica no mar

e ali sempre perdura

e se te achas perdido

e se não encontras sentido

para esta vida fugaz

pensa que a seguir

não precisas de fugir

ao que o Karma te tráz.

Miro Couto

17-05-2022

Alma sem grades

 Alma sem grades

Ninguém pode encarcerar minhas ideias

pois são feitas de sonhos que o vento trás

carregadas de utopias que urdem teias

de solidariedade, amor e muita paz

não há quem possa algemar o que é verdade

por mais que demore a querer chegar

a paciência que nos faz perder a idade

é o medicamento que a mentira irá curar

ninguém, por mais poder que detenha

poderá amordaçar a voz do pensamento

essa força herculea que se resenha

em silencio vencer o seu lamento

Por saber, e querer sempre aprender

não seremos mais um na multidão

aqueles que iremos surpreender

quando a verdade á mentira disser não.

Miro Couto

16-05-2022

Meu sonho

 Meu sonho

Não há balas, morteiros ou granadas
que possam matar as obras sonhadas
não ha veneno macumba ou poção
que desfaça os sonhos do coração

Não há faca de fino gume afiada
nem guilhotina com força motriz
que cale a esperança anunciada
de poder viver um sonho feliz

não há tempestade assolada
vendaval ciclónico flagelado
medo ou voz amordaçada
que silencia o que foi sonhado

o martelo na bigorna o molda
e do fogo da forja despojado
sairá ainda que maltratado
a obra do sonho amassado

E de boca em boca surgirá
de trompetas como trovão
a boa nova que anunciará
o sonho que trago no coração,

Miro Couto
08-02-2022

Direitos humanos? Conversa para boi dormir.

 Direitos humanos? Conversa para boi dormir.

Semeiam a Guerra aos povos

para lhes roubar a felicidade

maltratam os velhos e novos

crianças, mulheres, a verdade

invadem países em nome da paz

que vão espoliar nessas gentes

em nome da democracia que faz

miseráveis, e ficam contentes

semeiam dôr, miséria e fome

deixam a tiritar de frio e sede

as chagas de quem não come

e da humilhação de quem pede

e batemos palmas contentes

por mais uma nação derrubada

porque a ganancia e os dentes

nunca lhes será mais saciada

e tu que para o lado assobia

pensa que serias tu a sofrer

luta contra quem espolia

e da morte faz poder.

Miro Couto

03-02-2021

Porque sim

Fazer um filho, escrever um livro e plantar uma árvore é fácil, dificil é cuidar e educar bem o filho, tocar a alma dos outros com o livro e regar de amor a árvore.

Miro Couto

Saída de cena

 

Saída de cena

Caminhando a passos largos
para a saída de cena
dos momentos mais amargos
daqueles que não deixam pena

numa simbiose acrobática
onde a entrega se faz dor
que torna a vida apática
se não semeares amor

Prende a humildade na cruz
percebe a perene humilhação
comprime a revolta que te seduz
e age com paz no coração

Se ja foste humano com poder
e na miséria honraste a tua virtude
então és Homem podes crer
em toda a sua plenitude

E mesmo que pronto a morrer
sem que se anteveja esse dia
cumpriste a tarefa de bem querer
partirás com a maior alegria.

Miro Couto
20-01-2022

Sei o que sei

 Se não fosse o que vivi, aprendi e experienciei,

nunca saberia o que hoje SEI.

Miro Couto