Olhei, e por momentos pensei que via
Mas os meus olhos em transformação
Não permitem decifrar com exactidão
A imagem que ali me aparecia
Entre duas de conversa e um cigarro
A porta de um café qualquer
Pareceu-me ver um acenar bizarro
Supostamente de uma mulher
A névoa que nos meus olhos sentia
Que a minha alma teima em não deixar ver
Transmite imagens confusas que não quero reter
Nem imaginar que era mesmo o que via
Acenam-nos imagens soltas, perdidas
Que noutros tempos seriam eufóricas
Mas que hoje não passam de retóricas
De emoções outrora sentidas
Limpo meus olhos e desvio o olhar
Já não me faz mais acreditar
Nesses acenos tão ilusórios
De amores presos em suspensórios
Sigo o caminho, em frente, com firmeza
Olho para tudo, mas a minha natureza
Separa e afasta tudo quanto vê
Porque a minha alma já não mais crê
E por entre uma enorme multidão
Onde não me encontro inserido
Começo a pensar que o coração
É mesmo um caso perdido
Por não confiar em acenos
Em sorrisos, em teorias
E as promessas que fizemos
Não passam de utopias
beijos a quem é de beijos e abraços a quem é de abraços
Miro
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