19 fevereiro, 2021

O meu NADA

 

O Meu NADA

Nada tenho para oferecer
neste mundo que valida o ter
não tenho nada desse valor
e do dinheiro mal lhe vejo a cor

resta estar resignado no canto
onde só alguns me pedem coisas
podendo ser muito valiosas
enquanto lhes dura o pranto

quando em sofrimento pesado
fazem promessas infindas
eu eu nunca ponho de lado
pessoas que chegam feridas

rasgadas no peito e mente
cravadas de muita aflição
e eu, sem nada dou somente
amor e muita atenção

mas passada a dor e o afoito
das amargauras profundas vividas
la volto eu ao meu canto
das promessas incumpridas

sorrio e sigo em frente
continuo sem nada para dar
aquilo que precisa esta gente
não podem no mercado comprar

não se compra resiliência
compaixão ou amizade
nao se compra a paciência
nem sorrisos de felicidade

não se compra a energia
doada de pleno coração
não se compra a harmonia
da paz que sai da nossa mão

Que posso eu oferecer ao amor
se o amor hoje tem preço
ninguém quer saber do valor
que tem receber algum apreço

Já ninguém quer apreciar
o valor de um abraço
dum afago, de um beijo ao luar
sem dinheiro, nada tens para mostrar




quantos amores falsos convivem
na hipocrisia de viver para a imagem
com vidas ocas, e falsas se mantém
sem amor, e da amizade uma miragem

por isso eu nada tenho para oferecer
daquilo que o mundo consome
há aqueles que me querem ter
porque lhes sacio outra fome

não do pão de cada dia
que até me pode engordar
mas da verdade que guia
os que querem caminhar

e disso a alma está cheia
só que não se pode ver
podem sentir pelo palpitar da veia
os que sabem amar a valer.

Miro Couto

19-02-2021

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