03 julho, 2020

Desamor

Desamor

As lágrimas escoriam-lhe no rosto
como facas lancinantes na alma
pelas amargas palavras que ouvia

lavada pelo sal que deveria ser vida
colocava reticências na existência
como se só a morte a resolvia

Tanto desamor gerado acutilante
tanta guerra de ódios ancestrais
que ferem, machucam e rasgam

tanta palavra que pesa toneladas
em quem não se pode defender
daqueles que dizem que amam.

Ai se soubessem quanta dôr semeiam
as palavras que o vento faz gravar
quanta amargura premeiam
em seres que estão a naufragar

depois, depois dizem que merda
porque não disseste que sofrias
e o silencio da alma desesperada
dá sinais todos os dias

Acordem, percebam o amor
percebam as ondas que gera
deixem de semear a dor
porque será a dor que vos espera.

Miro Couto
03-07-2020

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