01 julho, 2020

Tanto poema estragado

Tanto poema estragado

Tanto poema estragado
tanta miséria lavrada no mundo
tanto ser de luz apagado
tanto breu imundo

Quanta sabedoria jorrada
em anais da pura vaidade
feitos cerco pela palavra
prometendo inocuidade


tantos sábios amestrados
pelo poder do dinheiro
tantos estudos roubados
a favor de um trauliteiro


tanta fama mal empregue
de jarretas amestrados
tanta cabeça que verte
fétidos discursos ensaiados


E vamos morrendo aos poucos
em silencio, com mansidão
sem direitos, e todos roucos
sem perceber a verdadeira razão


tanta indignação silenciada
com tantos berros no sofá
tanto revolucionário calado
sentado como uma paxá


tanta merda que se engole
de falsários, podres, reles
que mentem à sua prole
vestindo caríssimas peles.


até quando nos calamos
sem consciência nem cidadania
sem reclamar os direitos
que já tivemos um dia?


hoje mais pobres, amargos
com medo, dor e sofrimento
sempre em pleno lamento
parecemos paralisados


onde para a lusitana força
que mostrou humanidade
onde para a nossa RAÇA
de acabar com desigualdade?


Onde andam os profetas
que tanto nos prometeram
e que desde as descobertas
só mentiras forneceram


Onde estão esses soldados
da habitação, da paz e do pão
que foram manietados
e alguns para a prisão?


Onde andam os heróis
que deram a voz ao povo
se não estão, teremos de ser nós
a fazer um Abril melhor e novo


Miro Couto
01-07-2020

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