Noites de Inverno
Quando o inverno apertava
e o fogo da amizade ardia
as dores davam lugar à chama
do amor com que os recebia
eram irmãos, ou melhor, filhos
que tratei sempre como iguais
sempre os amparei nos trilhos
sendo rebeldes pardais
Não tinham horas, falavam
até ao raiar do novo dia
quase de tudo abordavam
fumavam, bebiam e comiam
Das tertúlias compartidas
das noites bem animadas
das amizades nutridas
deu lugar a pessoas amadas
Mas o inverno passou
e veio a primaveira rasteira
que com sopro tudo levou
e só deixou a poeira
Chega o verão em ousadia
e num sopro de calor
ama-se na noite e no dia
e perde-se depois o sabor
no outono bem presente
das relações de verão
há uma maneira diferente
que estranha sensação
e até que nova primavera chegue
até que o inverno volte a recolha
só na nossa história fica e segue
quem connosco está e se molha
e de penar em penar,
com um sorriso no rosto
as vezes fico a pensar
o porquê de tanto desgosto.
Mas mais alto que a bandeira
mais alto estará o sol
que há-de iluminar a cegueira
dos que me ficaram no rol.
Miro Couto
Abraços a quem é de abraços, beijos a quem é de beijos, e abreijos aos que são de abreijos, a quem não for, boa viagem e um queijo da serra.
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