28 agosto, 2006

Recado

Ficaste no meu leito deitada
entre o amor que te dei pela tarde dentro
e mesmo sentindo que eras a minha amada
fiquei como um parvo a olhar um monumento

entregas-me a alma completamente
mas dizes nao saber se és minha mulher
eu fico estupido, e surprendentemente
acho que isto nao pode estar a acontecer

percebo os anseios e as dúvidas que persistem
mas creio no langor dos teus afectos
e por mais incredulas as dores que resistem
sairão de ti como simples insectos

sei que alguém que ainda nao desiste
de magoar o amor que nós sentimos
mas o nosso amor que mais persiste
e da maldade um dia e que nos rimos

quem tenta com atimanhas e agulhas
maquinar contra a nossa união
vai ter por certo muitas amarguras
quando vier a tempestade e a monção

semeiam mal, semeiam em nós a dôr
semeiam pensando que ficam impunes
mas quando vier ter com eles o cobrador
dirão que nao fizeram mal estão imunes

e nao sabem qual a razão, qual a certeza
das dores que entretanto sofrerão
e depois é ve-los em tristeza
dizendo que nao percebem a razão

mas sejam eles irmaos, ou o que forem
sejam eles os mais intimos queridos
se nos fazem mal ao se interporem
estão a fazer de nós os mais sofridos

que parem de usar maldades ou agulhas
que retirem as facas afiadas espetadas
pois as dores que hoje nos são provocadas
podes crer que amanha serão as tuas

para de semear maldade, acaba já
inverte o que tens feito o mais depressa
pois sabes que mesmo sendo uma irma
mais responsabilidade e mais dor te arremessa

para com esse efeito que é loucura
para com esse pensamento que é mau
e ve se te consegues por a pau
para que Deus nao mande alguém a tua procura

pois todos somos devedores
das vidas que então levamos
ao semear mal pomos os cobradores
a andarem em cima de nós muitos anos

Perdoo-te mas ve se paras com isso
ve se consegues pensar
que amar nao é fazer feitiço
é simplesmente perdoar
é sem dar-mos por isso
ajudar a quem nao nos quer ajudar

beijos a quem é de beijos....

2 comentários:

Anónimo disse...

Quem semeia ventos, colhe tempestades já é um ditado tão antigo.
Este poema faz-me lembrar um outro caso que conheço em que tudo é bom,
mas a areias movediças têm piranhas entranhadas.
As tuas palavras dão a conhecer a pessoa que és. Neste escrito está bem patente o que sentes:

"semeiam mal, semeiam em nós a dôr
semeiam pensando que ficam impunes
mas quando vier ter com eles o cobrador
dirão que nao fizeram mal estão imunes"

O dia da cobrança chegará, e nesse dia estaremos reunidos para ver o final feliz que mereces.
Um beijo
Maria do Mar

Menina do Rio disse...

Quando desejamos intensamente temos que aquietar o coração e agir com firmeza,elevar o pensamento na certeza dos nossos sonhos para que a maldade não nos contamine. Tens un grande amor plantado em teu coração hás de colher bons frutos. Quanto ao mal semeado em vossos campos não vingarão visto que plantastes as melhores sementes. Cuide pra que as ervas não germinem e colherás teus frutos.

Um doce beijo!