Antonio Aleixo
Eu já não sei o que faça
p'ra juntar algum dinheiro;
se se vendesse a desgraça
já hoje eu era banqueiro.
Vemos gente bem vestida,
no aspecto desassombrada;
são tudo ilusões da vida,
tudo é miséria dourada.
Quantas sedas aí vão,
quantos colarinhos,
são pedacinhos de pão
roubados aos pobrezinhos!
Mentiu com habilidade,
fez quantas mentiras quis;
agora fala verdade
ninguém crê no que ele diz.
Num arranco de loucura,
filha desta confusão,
vai todo o mundo à procura
daquilo que tem à mão
Eu não sei porque razão
certos homens, a meu ver,
quanto mais pequenos são
maiores querem parecer.
Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão mesmo vencida,
não deixa de ser Razão?
P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
Porque o mundo me empurrou,
caí na lama, e então
tomei-lhe a cor, mas não sou
a lama que muitos são.
Julgando um dever cumprir,
Sem descer no meu critério,
- Digo verdades a rir
Aos que me mentem a sério!
Estas são algumas das quadras que ilustram bem como o poeta via o mundo e os homens.
Se repararem, ele também era um homem que detestava a hipocrizia, detestava a mentira, os falsos e pretensos homens que tentam ainda hoje ludibriar os distraídos.
Ja agora vale e pena pensar nisto
Miro
16 maio, 2007
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