04 outubro, 2006

Engraçado

Hoje, era daqueles dias menstruais em que fiquei em casa a meditar, e a pensar a minha vida, também porque a minha filha faz anos e nao posso estar com ela, e então, no meio de muita confusão mental, e de algumas lagrimas corridas, la resolvi encarar mais um dia, pensando sempre que deve estar para breve o fim do sufoco, e portanto, mesmo arrastando a alma, la me fiz sair de casa, com algum amor proprio e vim até ao porto, quando olhei para o relógio, e vi que ainda era cedo para ir ate casa dos meus pais jantar. Dirigi-me então a um centro comercial, na tentativa de queimar mais umas horas, enquanto procurava também um vasilhame anormal, para poder resolver um problema de uma amiga. Nisto, la comprei umas coisas em promoção, e quando cheguei a caixa, estava uma menina a berrar que queria um automóvel, e o pai com toda a calma do mundo, lhe dizia... Beatriz, escolhe antes aquele boneco.... e a menina dizia... num queiuuu queiuuu o carro. Pensei eu com os meus botões, que ha concidencias? não! que o meu dia menstrual, em que estava de cu para o ar, em que nem o telemovel liguei durante o dia, só o liguei ao fim do dia para desejar bom aniversário a minha filha, e, la se veio novamente a força que precisava para entender que as vezes, um automóvel e mais importante que uma boneca, depende da Beatriz o que quer decidir, porque quando queremos decidir pelos outros, acabamos a castralos, e a nao os deixarem ser eles proprios, empurrando para situações de amargura e sofrimento, que ninguem deveria desejar. A meu ver, e porque hoje a minha filha faz anos, sempre a deixei seguir o seu caminho, o seu rumo, a sua vontade, sempre a conduzi o melhor que sabia, mas nunca a impedi de ser ela, porque ela é um espirito de vontade propria, com o caminho dela, e nao posso ser eu a conduzi-la, sob pena de ser responsabilizado pelos erros que cometesse. Hoje, percebi que a minha gaija, a que ha-de vir, vai preferir ser ela, sem rodeios, sem hesitações, e mais uma vez, quero poder encaminha-la, sem castraçoes, sem limitações, apenas com responsabilização, porque ninguém é de ninguém, e os filhos são-nos entregues, para que os possamos encaminhar na sua tarefa, nos seus resgates, mas nunca serão nossa propriedade, nem poderão estar confinados a nossa vontade, as nossas frustrações, ou as nossas egoístas vaidades sociais.
Para a Beatriz, apeteceu-me comprar o carro, mas prefiro um dia, quando voltar a ser eu e a estar bem, dar-lhe um que possa desmontar, por em peças, para depois voltar a montar, e dizer com alegria, pai, consegui!

Hoje, nao preciso de mais pensos higiénicos, porque a menstruação passou!

Beijos a quem é de beijos!

Miro

2 comentários:

Ana Coelho disse...

Todos nós somos esses meninos que procuramos nas prateleiras dos supermercados encontrar os sonhos que construimos nas noites de insónia.
O duro é quando nos apercebemos que os nossos sonhos cabe-nos a nós lutar por eles e só depende de nós escolhermos os caminhos! Os pais dizem-nos, ensinam-nos, orientam-nos e à vezes esquecem-se que os trilhos não são os mesmos e nós também nos esquecemos de reparar que o medo de um futuro ingrato pode fazer com que os pais ajam da maneira mais abssurda. Desta forma, eu perdoou todos os pais por as vezes mostrarem-se de outra forma, por aquilo que nós não conseguimos ver.
Como filha, não tua de sangue, mas tua de alma que és um pai, um amigo, um mestre, um professor de grande garra e muito amor.
Adoro-te pai do Norte!

acbelix disse...

Eu tb te adoro :)

São as vezes palavras como as tuas que nos fazem soltar as lagrimas de conforto, de que ao menos alguém esta lá e entende. Tu es especial a muito tempo, e serás sempre especial.
Mil beijos para ti.

Miro (pai do norte)