29 novembro, 2006

As razões que a razão desconhece

Quantas vezes nos acontecem coisas estranhas na nossa vida, que pelos primeiros sinais nao as conseguimos entender, mas com o tempo, verificamos que afinal essas coisas tinham um sentido especifico e que nada acontece por acaso. Ontem em conversa com uma amiga, verifiquei que ela apesar de muita coisa que lhe aconteceu, acabou por verificar que afinal esta uma melhor pessoa, e que sente que de facto teve uma evolução sentida no seu comportamento, e que se nao tivesse acontecido o que aconteceu, ela nao seria capaz de conseguir melhorar-se, pois quando tudo nos corre bem, temos tendencia para nos desligarmos do que de facto é essencial, e perdemos-nos com futilidades a que damos importancias que de facto elas não teem. Sei que nao é fácil passar por todo um processo de dôr, que não é fácil enfrentar a sociedade que nos julga pelas actitudes mais passivas que possamos tomar, e pela resignação aos factos que nos acontecem, mas acredito que em tudo o que nos acontece há uma razão suprema e de maior interesse, para que possamos perceber que de outra forma a nossa evolução estaria estagnada, e não é por aí o caminho.
Se nos debruçarmos sobre tudo o que nos acontece, e depois tentarmos perceber o que daí vai saindo, entendemos que limamos mais umas quantas arestas da nossa vida, e que aprendemos a olhar com os outros olhos para tudo o que nos rodeia e tudo o que de mal temos de enfrentar. Sabemos que tanta dôr as vezes parece ser injusta, que tanta dôr nos parece cruel, mas, quando chegamos ao fim de qualquer percurso, entendemos que de facto, apesar de sermos ja pessoas que temos comportamentos sociais e morais diferentes, temos sempre assuntos pendentes se quisermos pensar que temos sempre de nos tornar melhores pessoas, e aí, quanto melhor ja fôr o nosso comportamento, mais dificil é nesta sociedade agressiva, que nos impulsiona para sermos vencedores e muitas vezes atropelarmos os outros, sermos exactamente o oposto, conseguirmos olhar pacientemente sobre essas coisas, e nao ligar á humilhação que nos é infligida, á crueldade dos julgamentos que nos é feito, e entendermos que o que se nos pede, afinal nao é tão linear, tão básico como o que pensamos ser, e depois com o tempo, percebermos que afinal, toda a garra, toda a capacidade de vencer, toda a energia que temos e dispendemos para vencer, cai por terra, e sentimos que mesmo com as maiores capacidades humanas presentes, nao somos capazes de conseguir mantermos a nossa vida em pé, e que os castelos que fizemos afinal uma rajada de vento os faz cair. Numa sociedade virada apenas para o ter, a maioria das pessoas tenta por todos os meios atingir os fins, não olhando aos meios, e usam e abusam de tudo, pensando que são vencedores, até que um dia, tudo lhes cai em cima, e aí, pena é que nao percebam os exemplos que alguns nos deixam, pois em vez de conseguirem pela dôr, conseguiriam pelo amor, como aliás acontece comigo, que andei muitos anos distraído a TER, e depois, ter de perceber que apenas e simplesmente teria de SER. Como ouvi numa determinada palestra, quem nao pecou que atire a primeira pedra, e eu apenas queria e quero, que aqueles que me rodeiam, percebam que se me exponho (como muitas vezes sou criticado) é com o sentido de que possam perceber e aprender algo, que a mim foi e é, extremamente doloroso aguentar, mas que de facto, nao haveria outra maneira de me fazer la chegar, ou não fosse eu, um ex materialista dialético.
Vencer materialmente é fácil, basta a vontade, e a ajuda de Deus, vencer o melhoramento moral, esse, acreditem, numa sociedade sem escrupulos, numa sociedade estremamente dominada pela maldade, é trabalho forçado, porque nao se aceitam nesta sociedade os que perdem materialmente, não se aceitam senão os que vencem materialmente, e se desprezam todos os que tentam ser pessoas melhores, e ajudam os outros. Apesar de tudo, acredito que um dia tudo fará sentido, que todos um dia perceberemos o erro, e aí, um dia, os que foram humilhados serão exltados, e os que afinal pensavam serem os vencedores materiais da coisa, aterrarão sem trem de aterragem, e so assim perceberão que nao se pode obter as coisas esmagando todos os que nos rodeiam.
Por isso, continuo a pensar que ... um dia tudo fará sentido!

Miro

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