03 março, 2005

Opiniões mal formadas

“Na minha vida, tive palmas e fracassos, fui amargura feita notas e compassos, aconteceu-me estar no palco atrás do pano, ter a promessa de um contracto por um ano, a entrevista que era boa não surgiu, e o meu futuro foi aquilo que se viu. Adeus tristeza até depois, chamo-.te triste por sentir que entre os dois, não há mais nada a fazer ou conversar, chegou a hora de acabar”.

Este é um poema de Fernando Tordo, que se chama adeus tristeza, e que retrata mais ou menos as venturas e desventuras das pessoas, dos amores e desamores.
A dado momento da minha vida, estava rodeado de “amigos”, sempre em festa, e sempre disponível para ajudar os meus “amigos” e por simpatia se me pedissem até os amigos dos amigos. Nas desventuras que vamos tendo, a dado momento da minha vida, deixei de ter esses “amigos” porque estava sem dinheiro, deixei de poder ter sempre o frigorífico cheio, de ter as garrafas disponíveis, e comecei a ter dificuldades em conseguir ter dinheiro para gazoleo.
Como é evidente, sentimos algumas amarguras em ver que fizemos parte de um lote de pseudo amigos, que na desventura fugiram, e que um apenas ficou, e que mais que um irmão me ajudou. A partir daí tudo se desmoronou. Perdi quase tudo, tudo o que era material, mas…. Em contrapartida, ganhei muito do que nunca pensei ganhar.
Ganhei conhecimento, ganhei armonia, ganhei amor, ganhei calma, paciência, perserverança, paz interior, ganhei novos e verdadeiros amigos, ganhei uma irmã, um cunhado e uma sobrinha maravilhosos, ganhei alguma força espiritual, e ganhei amigos do outro lado da vida, que se não fossem os meus problemas, nunca poderia ter conseguido chegar lá. Afinal ganhei ou perdi? Quando partir para o outro lado o que levo? Se pensarmos bem, so tive a ganhar, exactamente porque ganhei amor, e isso posso transportar quando morrer, ganhei amigos verdadeiros, ganhei alegria, compreensão, conhecimento, compaixão, caridade, e, tudo isto, eu posso carregar e levar comigo quando morrer, mas, não perdi nada, porque nada do que eu perdi, conseguiria transportar comigo. ´
Nas desventuras da minha vida, onde antes tinha prémios por ser o “melhor”, a seguir as más línguas, desacreditaram-me, por exemplo: recebi um prémio por ser um dos melhores consultores para fabricas de moveis e carpintarias, e passado apenas um ano, nem referencia ao dito cujo que perdeu quase tudo porque o vigarizaram. Um dia rei, no outro dia, plebeu. Num dia sábio, no outro dia, aprendiz mal formado.
Com isto, acho que apenas devemos pensar que aqueles que nos destroem por palavras, quando nós apenas temos boas intenções na nossa mente, aqueles que conseguem denegrir a nossa imagem, apesar de saberem que isso não é verdadeiro, aqueles que nos acusam de sermos o que não somos, aqueles que nos rotulam com nomes menos próprios, aqueles que dizem de nós aquilo que não somos, aqueles que nos julgam, sem saberem minimamente a nossa capacidade e as dificuldades, as pedras que nos puseram no caminho, mas, mesmo assim nos julgam, esses, apenas tenho de ter pena deles, e pedir a Deus, que não permitam que passem um décimo do que eu passo e já passei. Por outro lado, deveria dizer, sim, que passem o que eu passei, porque pode ser que cresçam tanto quanto eu cresci, que aprendam tanto o que eu aprendi, e que se tornem tão dóceis, tão humildes, que compreendam o verdadeiro sentido da vida, e percebam rapidamente, o que é importante de facto para eles!
Poderão estas ultimas palavras parecerem duras, mas de facto, não desejo a ninguém o que eu passei e passo, mas, foi graças ao que passo e passei, que sou a pessoa que se orgulha hoje de SER o que É.

Beijos a quem é de beijos!

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