24 maio, 2005

Amizade

Já la vão muitos anos, estava eu na minha juventude, nos meus 20 anos, cheio de força e de vontade de viver, e com a mesma maneira de ver o mundo de hoje, ou seja, ja nessa altura, era revolucionário porque nao queria ver pobres, nao queria ver escravos, não queria ver gente a fazer mal, não queria que não pudessemos ter opinião e falar a vontade de tudo e do que achamos que esta mal.
Por essa altura, e como é normal para um miudo de 20 anos, tinha os meus flirts com moças, os meus engates, as minhas saídas, e, é claro, que conhecia muita gente e muitas moças, mas para o que a seguir vou dizer, pouca ou nenhuma importancia tem, embora esta pequena entrada, sirva para defenir que nesa altura, ja via o que muita gente não vê, porque sempre tive muita gente a minha volta e nao precisava de me afirmar.
Ora um grande amigo meu, que era inseguro e estremamente carente, meteu-se com uma mulher que eu conhecia muito bem, e porque sempre foi mal amada, tinha a mania de destruir os corações dos rapazes com quem se metia. Esse meu grande amigo, quando me disse que namorava com determinada pessoa, e que se calhar estava a pensar casar com ela, eu apenas o chamei a um café. e tive uma conversa com ele dizendo-lhe o que ja tinha acontecido a outros meus amigos e que nao queria que ele sofresse o que ja outros sofreram, ao que ele, ja completamente amarrado a ela, me respondeu que nao queria saber disso e que eu estava enganado, e zangou-se comigo.
Bem, eu fiquei desolado, porque por estar a tentar ser amigo dele, acabei com ele de costas voltadas e ainda por cima a pensar de forma errada de mim julgando que eu nao queria era ve-lo feliz e contente, e teria ciumes disso.
Como devem perceber, não é fácil dizer a quem não quer ver, seja o que fôr, e sabendo que as pessoas amarradas reagem mal e agressivamente a quem as tenta ajudar, e portanto na altura o resultado e ver-mos alguem a quem queremos proteger, ficar de costas voltadas contra nós, sem nada podermos fazer porque nestas coisas, e mesmo dificil fazer entender o que quer que seja.
Passaram-se seis anos, estava eu no café imperial na praça da liberdade, e nisto entra uma figura direita a mim, completamente sujo, desfigurado, maltratado, com a barba por fazer e desleixada, que eu só com muita dificuldade conheci por detras daquela imagem estava o meu amigo que tinha deixado de falar comigo. Soltou um sorriso e disse-me: amigo, posso sentar-me ao teu lado e tomar um café contigo?... é claro que sim disse-lhe eu, ao que de seguida lhe perguntei o que lhe tinha acontecido, e ele é claro, com as lagrimas soltas, respondeu-me que se me tivesse dado ouvidos, nao tinha entrado na amargura em que estava.
Custou imenso ver alguem de quem eu gostava, naquela figura, e por isso, dei-lhe muita força e disse-lhe que o mundo nao acabava, e que el tinha de dar tudo o que tinha para conseguir ultrapassar essa fase e vencer de novo, porque a vida era mesmo assim, tentar e tentar outra vez.
Como podemos nós dizer a alguém que está mal e que se tem de proteger, se essa pessoa nao quer sequer ouvir o que temos para dizer, como podemos mostrar a nossa amizade nestas circunstancias? como deveremos agir, sabendo que podemos e corremos o risco de por essas pessoas contra nós, chegando quase a odiar-nos?.
Nºao é fácil, no entanto, é dever de um amigo, mesmo perdendo a amizade dessas pessoas, dizer-lhes a verdade nos olhos, e se eles quiserem ver que vejam, se nao quiserem ver, que amarguem e que depois ao virem ter connosco nos deem razão, mas pelo menos a nossa consciencia ficou tranquila!

Beijos a quem é de beijos

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