11 maio, 2005

Poetas que falam com alma e dizem o que nao somos capazes

Ponho-me a ler poesia, e na maioria das vezes, penso o que leva as pessoas a escrever da maneira que escrevem, e quando leio Florbela Espanca (livro na mesa de cabeceira) espanto-me com o sofrimento daquela alma incompreendida, que tanto tinha para dar, e que não houve ninguém capaz de receber enquanto ela foi viva.
Porque será que uma alma tão sofrida, que escreve, anuncia, desvenda o que le vai na alma, e mesmo assim, não consegue atingir a felicidade?
O que leva os grandes poetas que cantam a vida e as belezas do mundo por um lado, e outros as desgraças e as desventuras de que sempre sofrem?
E porque será que andamos a procura de algo que tão difícil é de encontrar?
Será porque ja nos foi dado a conhecer, e agora enquanto não o obtivermos nao descansamos e por isso sofremos?
Será porque somos gulosos e sabemos os que é a felidade e nao nos contentamos com o que temos e essa procura nos revolta e nos faz infelizes?
Será que tudo o que nós procuramos nos é dado aos bocadinhos para que saibamos aproveitar melhor no futuro?
Tantas e tantas dúvidas nos assolam a mente, e por vezes, quando ja estamos derreados de tanto sofrer e de tanto ser incompreendidos, e de não compreendermos também o que move as pessoas, chegamos as vezes a um ponto de ruptura em que as saídas nao são nenhumas, ou não se vislumbram pelo menos palpáveis.
Se quisermos ver as coisas sem metafisicas, muito materialistas, de facto não consiguimos compreender, nem aceitar a vida tal qual ela se nos apresenta, mas se quisermos perceber que toda e evolução e crescimento tem custos e sofrimento, então que dizermos que as dores que temos são boas porque nos faz crescer?
Pois mas aqui é que a porca torce o rabo, é que de facto as dores fazem-nos crescer, mas quem é que gosta de dor? Mas quem é que aguenta sem murmúrio a dor se não perceber exactamente qual é o fim e o destino dessa mesma dor e desse sofrimento? Quem aceita que o sofrimento que vemos a nossa volta tem uma razão elevada de ser, e que sem esse sofrimento nao poderíamos um dia viver em igualdade e fraternidade, porque as impurezas das pessoas, o seu egoísmo faz com que seja impraticável vivermos numa sociedade perfeita, sem dores e sem amarguras. Posto isto, so poderemos então pensar que se um dia teremos de ser perfeitos, onde e como deixamos as nossas imperfeições, por forma a extinguir e a compreender os valores morais mais elevados que um dia todos teremos?
Não é fácil perceber que so seremos capazes de aceitar uma sociedade moralmente melhor, onde resida o amor e a fraternidade, onde não tenhamos de olhar para os lados e para tras para ver se nos espectam uma faca, mas sim sabermos que estamos sempre com alguém ao nosso lado disposto a ajudar-nos e a puxar-nos para cima quando damos nossas quedas.
É isto que faz com que em vez de pensamentos escuros e perigosos, que nos fazem pensar em coisas desastradas, como por exemplo o interromper a vida, e por um fim ao sofrimento, pois isso não é assim, e interromper, significa que mais tarde voltas a viver, e a passar pelo que tens de passar novamente, pois se nao fizeres a 4ª classe não passas para o ciclo preparatório, e neste caso repetir é uma coisa muito chata, pois vamos sentir que ja demos esta matéria, e que estamos a passar novamente pelas dificuldades que ja passamos e que ja sentimos, e que mais valia ter suportado de uma vez todas as dores a que nos proposemos.
Posto isto, eu que estou a fazer contas aos centimos, vos digo que se nao resolver a minha vida aqui, como espero que aconteça algo que a faça mudar, parto noutra direcção e jogo a vida de novo, noutro local, noutro país, mas nao deixo de jogar, pois é a única forma que temos de aprender o jogo, para um dia o podermos vencer.


Beijos a quem é de beijos

Sem comentários: